Os Três Porquinhos

Era uma vez três irmãos porquinhos, que viviam em uma bela fazenda próxima a um bosque. Um deles era um artista, que vivia pintando e cantando, e pouco se importava com bens materiais; sua pequena casa era toda feita de palha, o único tipo pela qual podia pagar. Outro era um professor, cujo salário por muito pouco sustentava suas necessidades de alimentação, mas pelo menos o permitiu, com algum sacrifício, recursos para construir um pequeno barraco de madeira. Por fim, o terceiro e último era um engenheiro workaholic, que construiu uma grande casa de tijolos com vários cômodos e uma churrasqueira na garagem, e ainda era visto constantemente fazendo alterações e ampliações na sua moradia.

Certo dia, os três porquinhos saíram a passear pelo bosque. O artista cantava e dançava, compondo uma bela canção sobre a natureza e o azul do céu. O professor observava os animais e o ambiente, tomando notas e fazendo reflexões críticas sobre as suas relações. E o engenheiro media o tamanho das árvores e o posicionamento das pedras, calculando suas proporções e estruturas.

Todos seguiam felizes e alegres, até serem atacado por um lobo esfomeado, que pulou sobre eles de trás de um arbusto. Os três correram desesperados para suas casas, onde se fecharam e esconderam, enquanto o lobo os perseguiu até a porta da primeira delas, a do porquinho artista.

– Abra! – gritou.

– Não abrirei! – respondeu o porquinho.

– Então irei assoprar esta casa até ela cair! – e assim fez: estufou o peito, reuniu todo o fôlego que pôde, e soltou em um longo sopro que derrubou sem esforço a pequena construição de palha.

O porquinho, ao ver a casa derrubada, correu sem pensar para a morada do irmão professor e lá se fechou junto com ele, enquanto o lobo o perseguiu até lá.

– Abram! – gritou assim que chegou.

– Não abriremos! – responderam os dois porquinhos, em uníssono.

– Então irei assoprar esta casa até ela cair! – e assim fez: estufou o peito, reuniu todo o fôlego que pôde, e soltou em um longo sopro que fez a estrutura da casa tremer. Repetiu a mesma operação, e as bases da construção começaram a sair do lugar. Fez então pela terceira vez e, enfim, a casa caiu.

Os porquinhos, ao verem a casa derrubada, correram para a morada do terceiro irmão, que os recebeu e escondeu lá dentro. Também até lá, no entanto, o lobo os perseguiu.

– Abram! – gritou assim que chegou.

– Não abriremos! – responderam os três.

– Então irei assoprar esta casa até ela cair! – e assim fez: estufou o peito, reuniu todo o fôlego que pôde, e soltou um longo sopro; a casa, no entanto, com uma firme base de tijolo e cimento, nada sofreu. Repetiu a operação uma, duas, três vezes, e nada – a casa continuava no lugar.

Já ofegante, o lobo pensou em outra estratégia. Vendo no alto do telhado a chaminé da churrasqueira na garagem, decidiu subir até lá e se atirar pelo buraco.

O porquinho engenheiro, no entanto, percebendo o que o lobo fazia, acendeu a churrasqueira, e o deixou cair sobre a brasa ainda ardendo. O lupino gritou de dor e subiu num pique rápido de volta para o topo, de onde por fim pulou do telhado e correu para o bosque para nunca mais ser visto pelos três irmãos.

E nenhum deles viveu feliz para sempre. O lobo foi encontrado morto poucos dias depois pelos donos da fazenda, vítima da gripe suína, e os porquinhos foram sacrificados no pânico que se seguiu, para impedir que a doença se espalhasse. Os próprios donos da fazenda, por outro lado, não conseguiram revender as três casas por causa da crise imobiliária, e terminaram perdendo todas as propriedades após uma série de ações mal sucedidas na bolsa de Wall Street.

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Sob um céu de blues...

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