O Bom Pastor

o_bom_pastor_poster01Assistir O Bom Pastor é um pouco como correr uma maratona: é um filme longo e cansativo, mas que compensa para aqueles que se esforçarem em vê-lo até o fim. Ele acompanha a criação da CIA, a agência norte-americana de inteligência, do ponto de vista de Edward Wilson, personagem fictício inspirado em dos seus fundadores, partindo de uma narrativa em dois tempos – em um, acompanha a paranóia dentro da agência após a falha da invasão da Baía dos Porcos, em 1961, quando houve uma tentativa de derrubar Fidel Castro do governo cubano; e em outro, recria a trajetória pessoal de Wilson, desde a sua iniciação em uma sociedade secreta semelhante à maçonaria até a busca pelo espião que vazou as informações sobre a invasão, passando pelo seu período de treinamento em inteligência na Segunda Guerra Mundial e a relação conflituosa com a família.

É impossível falar do filme sem destacar, antes de mais nada, o elenco incrivelmente estrelado que o diretor Robert DeNiro (ele próprio uma estrela de inegável destaque) reuniu. Matt Damon, Angelina Jolie, Alec Baldwin, William Hurt, o próprio DeNiro fazendo uma pequena ponta… A maioria deles é eficiente no seu papel; a principal ressalva é Jolie, que parece uma atriz de novela global como a esposa traída, mas também não sou eu que vou reclamar da sua presença em qualquer lugar. Damon, no entanto, está ótimo no papel principal – parece estar sempre perdido e sem saber o que fazer, mesmo quando, em realidade, tem sob seu comando uma das principais agências de inteligência do planeta. Mas eu também sou suspeito pra falar, já que me tornei fã confesso dele depois da trilogia Bourne.

O grande problema, como já destaquei, é que o filme é lento, arrastado e longo. Trata a espionagem de forma muito mais mundana e realista do que, por exemplo, um James Bond – é um complexo jogo de informação e contra-informação, blefes e apostas; para quem espera ação, há apenas dois tiros disparados em todo o filme, ambos na mesma cena, contra a mesma pessoa, e com silenciador. E é preciso se deixar levar por esse ritmo de partida de xadrez para poder apreciar a sua história complexa e cheia de entrelinhas e reviravoltas; o suspense do filme é de longo prazo, está menos em cenas de sufoco imediato do que em um enredo sufocante cuidadosamente construído, com peças que se movem vagarosamente e se encaixam quase sem fazer barulho até que a trama toda finalmente se resolva.

Enfim, o grande segredo para gostar de O Bom Pastor está em saber bem o que esperar dele. Não é um filme para se matar o tédio comendo pipoca em uma tarde de domingo, por exemplo – se você busca isso, o achará incrivelmente chato e cansativo. Mas, para quem estiver disposto a entrar no jogo que ele propõe e se permitir levar pelo ritmo lento e arrastado, é uma ótima recomendação.

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Sob um céu de blues...

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