Arquivo para dezembro \23\-03:00 2009

Carta Aberta ao Papai Noel

Querido Papai Noel,

Faça um desejo, e repasse esta mensagem para pelo menos quinze pessoas. O seu pedido se realizará dentro de uma semana. Se você ignorar esta carta e jogá-la fora, no entanto, terá azar no amor por cinqüenta anos.

Atenciosamente,

Bruno.

Iniciativa 3D&T Alpha – O Dragão Noël

O tema da vez na Iniciativa 3D&T Alpha é natal. Conheçam, então, este peculiar dragão vermelho que, dizem as lendas e as canções dos bardos, habita as Montanhas Uivantes, em Arton.

O Dragão Noël
Segundo cantam os bardos petrynianos, a cada fim de ano uma grande sombra avermelhada sobrevoa os céus do reino, visitando as suas principais cidades e vilas. Antes de causar medo, no entanto, ela é esperada, e recebida até com certa alegria – é o velho dragão Noël que chegou, com sua forma rubra rechonchuda, carregando presentes para distrbuir às crianças que foram boas durante o ano.

Personagem folclórico de Petrynia, o dragão Noël é figura recorrente em muitas canções, todas na ponta da língua de qualquer criança das cidades do reino durante o fim de ano. Elas geralmente contam como ele abandonou a sua ninhada ainda jovem, por não possuir a mesma índole maligna de seus irmãos, e acabou por se estabelecer, entre todos os lugares possíveis, nas Montanhas Uivantes, onde montou o seu covil. Lá, com a ajuda de um grupo de goblins vestindo roupas de inverno e gorros coloridos, montou uma grande fábrica de brinquedos artesanais, que leva durante as festas para as crianças.

A maioria dos habitantes de outros reinos, é claro, não acredita que o dragão seja real, tomando-o apenas como mais uma das muitas histórias fantasiosas típicas dos bardos petrynianos. Um dragão vermelho, que vive em meio à região mais fria do continente, e que, ao invés de saquear vilas, presenteia as crianças com brinquedos? Certamente não é um conto muito verossímil. Curiosamente, no entanto, não há um petryniano sequer que não acredite na história, e muitos inclusive relatam ter visto o tal dragão deixando seus brinquedos para as crianças enquanto estas dormiam.

A presença do dragão Noël no folclore petryniano, especialmente durante as festas de fim de ano, é de fato tão forte que, mesmo entre aqueles que não acreditam na sua existência, alguns crêem que ela possua algum fundo de verdade, e que talvez realmente exista um dragão vermelho nas Uivantes próximo às fronteiras do reino. Anualmente, dezenas de expedições de aventureiros partem do reino em direção às Uivantes atrás do seu covil, muitas das quais jamais retornaram. Mesmo as que voltaram, no entanto, nada encontraram, para o alívio das crianças petrynianas.

O Dragão Noël
F5 H4 R8 A6 PdF6 (calor/fogo)
Vantagens/Desvantagens: Arena (o covil), Sentidos Especiais (todos), Tiro Múltiplo, Vôo

Outros Artigos Sobre Natal
Distorções Metafísicas… – Renas
Estalagem do Beholder Cego – Duendes
Grimório do Arcano – Noel, Deus Menor dos Presentes
Inominattus – Os Espíritos do Natal
Toca do Goblin – O Anti-Noel
___________ – Itens Natalinos

Tudo o que você queria saber sobre mim…

…mas tinha medo de perguntar. Pra dar um corte nesse marasmo que tá o blog nos últimos dias por motivo de força maior, fiz uma continha no formspring.me, a última maior invenção da web 2.0 de todos os tempos da última semana. Assim, se você faz parte dos meus 1d3-2 visitantes, pode entrar lá e fazer perguntas anônimas (ou não) sobre a minha pessoa (ou não), que eu tentarei responder sinceramente (ou não). Interessado? Clica aqui, ou no link ali na barra lateral.

Dor (2)

Dói a alma ferida,
Dói o coração partido,
Mas, pior do que estas,
É a maldita dor de ouvido.

Sobre Safras e Mercados

No livro Febre de Bola, o inglês Nick Hornby relata uma história interessante, entre tantas outras, de quando ele jogava pelo terceiro ou quarto time da universidade de Cambridge, onde estudava. Segundo ele, dentre todas as equipes da academia, apenas um ou dois atletas da época em que ele jogava chegaram a ter algum tipo de carreira como profissionais. E o melhor deles, um verdadeiro craque entre aqueles estudantes e protótipos de intelectuais, teve como grande momento um gol marcado por um time da quarta divisão inglesa.

A história ilustra bem a distância que existe entre torcedores e jogadores, e foi esse o objetivo também de Hornby ao contar ela – se o melhor jogador profissional com quem já teve algum tipo de proximidade teve como maior momento na carreira uma partida da quarta divisão, podemos apenas imaginar o abismo que o separa das estrelas do Arsenal, o seu time do coração. Jogar por ele, então, é algo totalmente fora dos limites da realidade: o mundo do futebol profissional é um legítimo universo paralelo, um mundo fantástico não muito diferente em essência de certos cenários de RPG e literatura.

O tipo de jogador que habita esse universo, hoje, já tem poucas relações de fato com o mundo de fora, sendo formados e fabricados dentro desse mundo paralelo. A maioria deles vive no futebol desde muito cedo – em torno dos 13 ou 14 anos, talvez menos, e eu não falo de simplesmente freqüentar uma escolhinha ou jogar com um time semi-amador nos fins de semana; muitos deles já nessa idade vivem nos clubes onde jogam as categorias de base, a quilômetros de distância da família, que às vezes é até mesmo de outro estado. Essa é a idade onde se começa a semeadura dos jogadores, em geral; é difícil alguém que comece muito depois ter qualquer chance em qualquer equipe um pouco maior, mesmo sem levar em consideração os clubes realmente grandes. E o próprio mercado do futebol também já chega cada vez mais cedo entre eles.

Hoje em dia se compra e vende jogadores de base da mesma forma como se faz com jogadores profissionais – talvez até mais, visto que a idade para a liberação de passe já foi bastante reduzida. Grande parte dos jogadores que se tornam profissionais no Grêmio, ou no Flamengo, ou no Cruzeiro, não são gaúchos, cariocas ou mineiros, muito menos torcedores dos times. Foram trazidos ainda crianças por algum empresário de outro estado, e simplesmente viveram no clube desde então. Não é difícil dar exemplos: muitas das últimas revelações de Grêmio e Inter não eram gaúchas – o Lucas, por exemplo, hoje no Liverpool, nasceu no Mato Grosso do Sul, e Alexandre Pato, atualmente no Milan, no Paraná. O caso do Pato, inclusive, é bem curioso: nascido em Pato Branco, em uma região com grande presença de famílias gaúchas, ele é, ou pelo menos foi, torcedor gremista quando criança, como a foto que ilustra esse texto não deixa enganar. Mas, ao vir para Porto Alegre jogar futebol aos 13 anos, não foi aceito no Grêmio por ser considerado ainda muito jovem para viver tão longe da família, o que, aparentemente, não foi problema no Inter.

O que leva também a outro ponto interessante. Não sou exatamente uma pessoa muito velha, apesar de ser um velho rabugento de espírito, então não posso fazer aqueles comentários nostálgicos sobre alguma época romântica em que os jogadores realmente amavam os times por qual jogavam, não apenas seus salários, e esse tipo de coisa. Bem pelo contrário: nasci e cresci já no mundo do futebol de consumo, com jogadores profissionais e distantes das torcidas, e além disso, como pesquisador da história do futebol, sei bem que na maioria dos casos esse tipo de afirmação não corresponde exatamente à realidade da época. Até algum tempo atrás, no entanto, ainda ouvia comentários de amigos próximos sobre jogadores ruins que pelo menos jogavam com vontade por torcer pelo time, ao menos quando se referiam aos que vinham das categorias inferiores; e eu mesmo lembro do Ronaldinho Gaúcho, o mesmo que hoje ganha milhões e já foi o melhor do mundo, quando ainda era uma jovem revelação tricolor, saindo de campo chorando após uma derrota; quando o repórter perguntou a razão, ele prontamente respondeu que torcia para o Grêmio e queria que o time ganhasse. Dificilmente se pode esperar a mesma coisa do mineiro Léo, ou o paulista William Magrão, ou o sergipano Thiego, ou outros tantos jovens do Grêmio atual, pelo menos quanto a parte de ser torcedor do clube – não dá pra imaginar, por mais que tenham simpatia pelo clube onde vivem já há algum tempo e pensem nas conseqüências para suas carreiras, que tenham sofrido da mesma forma que eu e outros gremistas sofremos com as recentes derrotas em campeonatos, e certamente não se podia esperar que realmente levassem a sério uma campanha como a “entrega Grêmio” que houve durante essa última semana. Mesmo entre garotos da base, é muito raro um caso como o do Adriano, que largou tudo na Europa pra voltar pro Brasil e pro Flamengo.

Na verdade, acho que dá pra falar o mesmo até de alguns jogadores que tiveram, ou ao menos pareceram ter, alguma identificação com a sua torcida e clube – como o já citado Lucas, que, em uma entrevista ao canal SporTV algum tempo atrás, falou da sua experiência na famosa Batalha dos Aflitos. Quando o segundo pênalti contra o Grêmio foi marcado e tudo parecia perdido, diza ele, com toda naturalidade, que o que passava pela cabeça no momento é o que ia ser dele e da carreira dele se o Grêmio não se classificasse. E eu realmente compreendia esse ponto de vista, e não conseguia achar que estivesse errado: ele é um profissional, afinal, e, mais do que isso, um profissional jovem, em começo de carreira. Hoje em dia o profissionalismo no futebol simplesmente já não é mais apenas dos times principais, começando desde os times infantis.

Anteriormente eu falei em “semeadura” dos jogadores, e não acho que tenha sido um termo exagerado. Como eu disse, a formação desses jogadores começa muito antes do que a maioria das pessoas costuma ter qualquer decisão concreta sobre a carreira que deseja seguir quando adultos (eu mesmo não tenho muita certeza ainda hoje, com meus 25 anos jogados na cara). Eles precisam ser fabricados desde cedo, como as mercadorias que são; não é à toa que muitos comentaristas esportivos, quase sem perceber, falam de “safras” de jogadores quando vão se referir às últimas gerações de atletas. Falam da safra atual de jogadores do São Paulo, ou então a última safra de jogadores do Internacional, ou tantas outras safras, e acho que não devem a demorar a identificá-las pelos respectivos anos, como se fossem vinhos – dá até pra fazer um paralelo cômico com a idéia de que ambos melhoram com os anos e a maturação.

De qualquer forma, não sei exatamente qual era o meu objetivo quando comecei a tecer esse texto. Como de costume, são apenas algumas linhas aleatórias que estavam passando pela minha cabeça, e eu resolvi colocar no monitor, sem lá um embasamento muito profundo. Na minha curta experiência, lembro ainda de alguns casos de jogadores que realmente vieram de fora desse mundo, tendo a formação de pessoas “normais” até que foram descobertos por acaso e tardiamente antes de virarem jogadores profissionais; algo que deve acontecer cada vez menos no futuro, visto que os olheiros e empresários, hoje, ocupam muito mais do seu tempo em times pequenos mas profissionais do que em campinhos de terrenos baldios e torneios colegiais. Mas não quero fazer um juízo de valor e dizer que os tempos atuais são necessariamente piores do que aqueles por isso; talvez sejam diferentes, apenas, com essa coisificação assumida dos jogadores e a produção em massa com fins de exportação. No fundo, talvez seja mesmo um desdobramento irreversível daquele primeiro momento em que um jogador de futebol recebeu pagamento para jogar contra uma equipe, tão bem retratado por Lourenço Cazarré no conto Meia Encarnada, Dura de Sangue.

Crônicas de Lankhmar

As histórias de Fafhrd e Gatuno (Grey Mouser, no original) na cidade de Lankhmar, criados por Fritz Leiber na década de 1930, estão entre as mais conhecidas e influentes histórias de fantasia. Diferente de outros ícones do gênero espada & feitiçaria, no entanto, como o Conan de Robert E. Howard ou o Elric de Michael Moorcock, nunca foram lançadas no Brasil, onde, de maneira geral, o autor é um pouco mais conhecido por algumas obras de ficção científica. Para o público brasileiro que não domina bem línguas estrangeiras, assim, resta a versão em quadrinhos, Crônicas de Lankhmar, lançada algum tempo atrás pela editora Devir.

Publicada originalmente no início dos anos 1990, a adaptação tinha como artista um então pouco conhecido Mike Mignola, ainda antes do lançamento de Hellboy, sua série mais famosa. E a arte em si não decepciona: é ágil e bem feita, já mostrando sinais do estilo que o consagraria, e ilustra bem o cenário e os personagens. O ponto fraco mesmo está na narrativa – todas as histórias são adaptadas diretamente de contos da série, e a conversão para a linguagem dos quadrinhos às vezes deixa a desejar; o desenvolvimento da ação é um pouco rápido demais, e muitas vezes se tem a impressão de que alguma coisa ficou faltando, como se tivesse sido necessário cortar cenas importantes.

O que não quer dizer, no entanto, que não sejam boas histórias por isso. Passando por esse detalhe, pode-se ver bem que o seu conteúdo é bastante interessante, com um cenário rico e original, bastante ação e aventura, do tipo que te deixa com vontade de jogar RPG, e boas doses de humor. Lankhmar é, ao mesmo tempo, uma bela cidade de fantasia, um ambiente noir repleto de sujeira e intrigas, e uma ótima paródia de ambas as coisas; e os personagens, sobretudo os dois protagonistas, são divertidos e cativantes. Destaque para as histórias O Bazar do Bizarro, onde um grupo de mercadores extra-planares usa de feitiçaria para vender itens sem valor, e Tempos Difíceis em Lankhmar, que tem como cenário a Rua dos Deuses, onde acontece uma espécie de feira livre de divindades e religiões.

Crônicas de Lankhmar, enfim, tem o mérito de trazer a um público maior estes personagens clássicos, que de outra forma seguiriam desconhecidos de muita gente, além de apresentar um pouco do trabalho do Mike Mignola antes da sua obra mais célebre. E, passando por cima dos problemas de narrativa, é possível sim se divertir bastante com as histórias, que são interessantes e criativas. Só é difícil não ficar com a impressão, ao fim da leitura, de que as versões originais devem ser muito melhores…


Sob um céu de blues...

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