– E o que é Arkhannam-kham? – perguntou o viajante ao velho cego, tentando se proteger da forte chuva de estrelas que assolava o Cume das Nove Luas. O tempo mudava rapidamente, passando da chuva para um sol escaldante para uma densa neblina, enquanto o velho movia a cabeça, buscando a direção de onde veio a pergunta. Os locais mais longínquos perceberiam tais mudanças apenas eras mais tarde, no entanto, pois aquele era o centro de tudo, o eixo do universo, em cuja volta girava toda a existência.
– A pergunta correta é “onde está a Folha Granulada?” – respondeu e moveu a cabeça novamente para o ponto vazio que fitava anteriormente, desfazendo as mudanças anteriores. – E você deveria saber a resposta melhor do que eu.
O silêncio voltou a imperar no grande cume. O viajante não escondia um desapontamento, mas partiu. O que era a Folha Granulada? O que tinha a ver com Arkhannam-kham? E o que, afinal, era Arkhannam-kham? A viagem, tão custosa, lhe deixara mais questionamentos e nenhuma das respostas que procurava.
Saiu da cratera onde estava, e olhou para longe. Podia ver as grandes camadas de matéria que se sobrepunham umas às outras, aumentando de tamanho a medida que se afastavam do centro, formando a grande espiral que era a existência. Não sabia para onde ir.
– Pergunte ao pó por onde andei. – lembrou do que haviam lhe dito as estrelas que cantavam no longínquo tempo de onde viera, e o fez. Mas não obteve resposta.
Entediado, virou-se e seguiu caminhando, se dirigindo para qualquer lugar, ou para lugar nenhum. Não sabia ao certo, mas não importava. Apenas foi para longe dali.
Arkhannam-kham…disk mistério.