Caminhar é bom. Caminhar é fácil. Um pé depois do outro, e de novo, e de novo, e, com alguma sorte, se chega a algum lugar. Nem que seja só metaforicamente.
Dizem que o primeiro passo é o mais difícil. Não discordo: é o Passo da Coragem, assim, com maiúsculas mesmo. O segundo e o terceiro, e às vezes mais alguns depois, também são difíceis; são os Passos da Confiança. Depois a coisa vai naturalmente, um pé depois do outro, e de novo, e de novo, até chegar perto do fim. Mas o último passo, esse também é complicado: é o Passo do Arrependimento, com hesitação acumulada de todos os anteriores. Eventualmente, no entanto, se passa por ele também, e o caminhar termina.
E que tristeza, então! Saudades do movimento, do senso de objetivo; o caminhar, mesmo que em círculos, nos dava um sentido, e uma direção. Mas então acaba, e tudo volta à inércia do corpo parado. Que bom seria se caminhar pudesse ser o próprio objetivo! Estar sempre em movimento, em ponto morto, sempre em direção a algum lugar que é lugar nenhum…
Mas não: sempre há um ponto final, culminante, onde se encerram os passos acumulados com tanta vontade e determinação, e onde a força motriz do caminhar finalmente acaba e cede ao atrito e à resistência do ar.
A física é um saco.
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