A Guerra dos Tronos na Política Brasileira

Dia desses, foi divulgado que a presidenta Dilma Rousseff é grande fã da série Game of Thrones, dessas de não perder um episódio, deixando para gravar quando não pode assistir e comentando com seus assessores o episódio do dia anterior. Como todos vocês já estão cansados de saber, Game of Thrones trata, dentre outros temas, das lutas políticas pelo controle do continente de Westeros, simbolizado pela posse do Trono de Ferro.

Conversando a respeito, eu e a Ana Carolina Silveira do blog Leitura Escrita, chegamos à conclusão de que ela na verdade tem muito em comum com a política brasileira…

(e claro, trolls, tudo é uma brincadeira. Vamos rir de nós mesmos um pouco também, não fazer flame sobre política.)

(estejam avisados também que aqui há spoilers dos quatro livros da série, para quem ainda não os leu ou a está acompanhando apenas pela televisão.)

Os Stark são uma família honrada e justa, cujos membros prezam pela verdade e a lealdade acima de tudo, e não têm medo de perder a cabeça por defender os ideais em que acreditam. Conseguem pensar em um político brasileiro que junte estas características? Pois é, nós também não.

Os Lannister são uma das famílias mais importantes da série, e que não demora em se tornar a mais poderosa do continente, mesmo que apenas por alguns livros.  Em um primeiro momento ela parece um antro de corrupção e depravação, capaz de tudo para conquistar o poder, pouco se importando em quais outras famílias precisa pisar para isso. Nos últimos livros, no entanto, uma outra face dela é revelada – a de uma família unida e fortemente leal aos seus membros, cujos líderes, ao chegarem no poder, realmente acreditam estar fazendo o certo por entre linhas tortas. Eles são, portanto, o PT: se a primeira impressão que se tem deles corresponde quase ipsis litteris à imagem que a direita mais conservadora do país tenta vender, a mudança de perspectiva que ocorre posteriormente ilustra muito bem a visão que os próprios petistas têm do seu partido como a oitava maravilha política do mundo. No fundo, ambos tem a sua parcela de verdade. E nunca é demais lembrar também que vermelho é a cor de ambos.

A outra família protagonista do jogo de tronos são os Targaryen, os filhos dos dragões. Uma família que já gozou do poder no passado, com monarcas controversos – se para uns eles são a idade de ouro, quando o reino era estável e todos viviam em paz e harmonia, para outros são loucos e psicopatas, que ateavam fogo nos seus adversários e gastavam as fortunas reais em projetos inúteis como tentar reviver os dragões do passado. Após serem derrotados de forma humilhante, se encontram atualmente desmantelados, exilados das demais famílias enquanto buscam desesperadamente uma forma de retornar ao trono. Eles são o PSDB, enfim – ou vai dizer que o próprio Viserys não é a cara do tucaninho revoltado estereotipado com horror à “gente diferenciada”?

Os Baratheon chegaram ao trono após uma grande guerra, em que tiraram do poder os monarcas anteriores e assumiram o seu lugar. Desde que o seu principal representante morreu, no entanto, praticamente não têm mais chances de retornar efetivamente ao trono. É o PFL / DEM / qualquer que seja o seu nome atual – formado por oriundos da velha ARENA da ditadura militar, após a morte do seu principal líder, o Antônio Carlos Magalhães, perdeu a maior parte da sua relevância no cenário político do país. Além disso, ambos são também redutos de fundamentalistas religiosos e hoje em dia essa talvez seja a única faceta que apresentam no jogo de tronos. Não possuem a simpatia de ninguém.

Os Tyrell vêm das terras férteis de Westeros, e têm entre seus vassalos os maiores produtores rurais do reino. Além disso, no jogo de tronos, se contentam em ser a esposa do rei – afinal, Margaery Tyrell talvez seja seu maior tesouro. Se alguém quer conquistar os Sete Reinos, é melhor que o faça através do apoio deles. E qual o partido brasileiro que é a principal base de apoio de qualquer um que tente governar, e que está feliz com a posição de vice-presidente? O PMDB, lógico. Como argumento final, quem vai discordar que a Marcela Temer seria uma ótima rainha?

Os Arryn são o povo recluso das montanhas do Eyrie, tão alta e intransponíveis que dizem que ninguém foi capaz de conquistá-lo pelas armas. Após a morte do seu lorde Jon Arryn, quem detém o poder é sua viúva Lysa Tully, irmã da Catelyn, conhecida pelo seu temperamento… er… difícil, além do fato de se recusar a apoiar qualquer dos lados na guerra. Um pouco como o PSOL, a oposição mais barulhenta e histérica que temos no país, mas que se recusa a forjar qualquer aliança e por isso mesmo tem pouca relevância de fato na nossa política

Os Tully são… Quem mesmo? Ah, sim, é a família da Catelyn, esposa do Ned Stark, e basicamente não muito mais além disso. São o PTB, partido trabalhista fundado por Getúlio Vargas e pelo qual ele se elegeu presidente em 1950, mas que desde o seu retorno após a ditadura militar, a despeito da sua importância histórica, caminha com muita pressa para a total irrelevância.

Os Frey são uma família mesquinha e ambiciosa comandada por Walder Frey, um lorde quase centenário que, a despeito da sua idade, mantém ainda a mão de ferro na liderança dos seus descendentes. Seu brasão é o desenho de duas torres ligadas por uma ponte. Eles são o PP do Paulo Maluf, líder octogenário conhecido pela sua, er, “mão” na atuação política, além, é claro, da efusiva promoção de obras públicas de grande porte, como pontes, rodovias…

Os Greyjoy já possuíram um líder com colhões, Balon Greyjoy, que não teve medo de pegar em armas duas vezes contra os reis do continente. Após a sua morte, no entanto, pouco restou da sua família além de um punhado de disputas internas, em que seus herdeiros massacram politicamente uns aos outros pelo seu legado. Um pouco assim como o PDT após a morte do Leonel Brizola, outro líder que não se furtou de pegar em armas contra o governo central quando achou que era necessário.

Os Clegane são vassalos leais aos Lannisters, conhecidos mesmo como seus cães particulares, que é, inclusive, o seu brasão familiar. Seus principais representantes na série são os irmãos Gregor “A Montanha que Cavalga”, conhecido pela sua lealdade e crueldade no serviço ao lorde Tywin, e Sandor “O Cão de Guarda”, um dos guarda-costas fiéis do príncipe Joffrey. São, enfim, o PC do B, historicamente os vassalos políticos mais leais aos lordes petistas.

felicianoOs sacerdotes vermelhos usam a política para espalhar sua religião fundamentalista, para isso entram na base aliada prometendo assegurar o Trono de Ferro. Mas na verdade querem tudo para R’hlorr e seus próprios planos divinos, incluindo projetos que envolvem queimar pessoas em fogueiras e extinguir minorias. Um pouco como o PSDC e todos esses outros partidos dominados por figurões de igrejas pentecostais e outras seitas religiosas.

Bannerhood Without Banners / Irmandade Sem Bandeiras são os representantes do povão em Westeros, um grupo de aldeões e outras gentes diferenciadas ignoradas pelas casas nobres, exceto quando resolvem pegar em armas para defender seus interesses. Um pouco como o PSTU, que também praticamente só aparece no cenário político por meio de bandeiras em marchas, revoltas e protestos genéricos contra qual seja o símbolo do capitalismo imperialista da vez.

Os clãs das montanhas são diversas tribos bárbaras que vivem próximos ao Eyrie, e tem seus próprios interesses e objetivos particulares. Aliam-se quando podem às casas que podem ajudá-los nesses objetivos – no caso da série, os Lannister, através de Tyrion, são aqueles que primeiro percebem a utilidade que podem ter. São o MST, e também a CUT, UNE, UJS e outros grupos e sindicatos teoricamente independentes, mas que nunca se furtam de se aliar aos partidos políticos que melhor servirem aos seus objetivos.

Os wildlings / selvagens são, indo direto ao ponto, o PV: um povo com algum poder em uma região isolada, selvagem, e que apenas alguns dos seus líderes mais delusionais possuem alguma esperança de conquistar ao poder central. Entre eles não está o seu principal nome atual, no entanto, pois ela é…

…a Brienne de Tarth, uma moça bem intencionada e que tem muitos fãs, que já esteve aliada aos dois lados na guerra, mas que todos sabem que nunca sentará no Trono de Ferro. Em outras palavras, a Marina Silva.

10 Respostas to “A Guerra dos Tronos na Política Brasileira”


  1. 1 Ana Carolina Silveira 29/06/2011 às 11:48

    Se alguém tiver uma sugestão para quem é o Enéas, nós aceitamos, porque batemos a cabeça por dias e não conseguimos pensar…

  2. 4 Comaru 29/06/2011 às 16:46

    Agora sim! Netinho de paula é bem mais parecido com os irmãos Clegane!!
    Ah e o enéas era uma espécie de Khal Drogo que ao invés do cabelo jamais teve a barba cortada!!

  3. 5 Bruno 29/06/2011 às 17:02

    Ok, atendendo a pedidos da própria, e pra equilibrar novamente a beleza do post, estou postando de novo a imagem da Manuela d`Ávila aqui:

  4. 6 Comaru 29/06/2011 às 17:03

    Eita post bonito esse…

  5. 7 Carolina 30/06/2011 às 21:27

    Quem seriam os Martell?

    • 8 Bruno 30/06/2011 às 22:46

      Os Martell foram outros que a gente discutiu um bocado e não chegamos a conclusão nenhuma… Talvez o PL antes do José Alencar morrer, ele tem um jeito meio Doran Martell de ser mesmo, e já foi a “mulher do rei” (vice-presidente) =P

  6. 10 Rafael 05/04/2013 às 20:28

    O Democratas tem minha simpatia e, na minha opinião, é o PP que representa a antiga Arena já que o PFL foi uma dissidência. Acho que atualmente seriam os Starks lutando contra todos os demais partidos socialistas, principalmente o PT.


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Sob um céu de blues...

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