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Debt – The First 5,000 Years

debtBueno, por onde começar a falar de Debt – The First 5,000 Years? Comprei o livro por impulso já faz mais de um ano, mas foi só agora no fim de 2013 que comecei a ler. E cara, eu deveria ter feito isso muito antes. Escrito por David Graeber – um dos que se assumiu como “ideólogos” dos movimentos Occupy que varreram o mundo recentemente -, é um daqueles livros que, já no segundo capítulo, faz a sua cabeça explodir de tal maneira que você sairá por aí querendo anunciá-lo aos quatro ventos.

Basicamente, o livro se propõe a fazer uma revisão da história econômica da humanidade, tomando por base uma infinidade de relatos antropológicos e mesmo descobertas da ciência histórica que por algum motivo parecem ter sido deixados de lado na construção da narrativa econômica vigente. Segundo defende, o mito da “economia da troca” (vulgo, escambo), que teria sido segundo os estudiosos clássicos do tema a origem dos mercados e do dinheiro, não se sustenta quando avaliado sob a luz de tais estudos – nenhum antropólogo foi capaz de encontrar, em mais de dois séculos procurando, uma sociedade primitiva que funcionasse de tais maneiras, por mais que sociedades sem mercado ou sem dinheiro de fato tenham sido encontradas; e mesmo o deciframento de formas de escrita antigas, como a cuneiforme da Mesopotâmia ou a hieroglífica no Egito, revelam sociedades originais bem mais diversas do que a narrativa de certos economistas tenta vender.

Como o título prenuncia, o que se descobre ao estudar a fundo tais relatos é, ao contrário, que a economia humana, durante a maior parte do seu desenvolvimento, funcionou por meio de complexos sistemas de relacionamento entre os indivíduos, em que o endividamento e o crédito pessoais eram vistos como partes formadoras das próprias sociedades (e é bom lembrar aqui que debt não se traduz do inglês literalmente como débito, mas sim como dívida). Pode parecer uma inversão pequena, mas na verdade não é – ela coloca em cheque boa parte da ciência econômica atual, fundamentada na idéia da independência última dos mercados contra formas de coerção políticas, quando, na realidade, o próprio desenvolvimento dos mercados inicialmente só foi possível graças a tais métodos coercitivos. Aqui é o ponto onde os estudos de caso se mostram mais elucidativos, em especial quando oriundos da própria experiência pessoal do autor na ilha de Madagascar, e a forma como foram as autoridades coloniais européias no século XIX que, através da imposição de taxas e impostos que só poderiam ser pagos com moeda corrente, forçaram a criação de um mercado monetarizado entre tribos onde a lógica comunal ainda era a vigente.

O autor não tenta exatamente defender a originalidade destas ideias, mas se pega frequentemente questionando por que elas nunca foram levadas muito a sério no desenvolver de estudos e tratados de economia. Trabalhos de antropologia que punham em cheque a história oficial do surgimento dos mercados datam pelo menos desde estudos clássicos de Marcel Mauss, no começo do século XX, e no mesmo período existiram ainda teóricos econômicos marginais com idéias semelhantes; pelo menos um deles pode ser traçado ainda desde o século XVIII, podendo-se talvez encará-lo como concorrente da visão utópica de Adam Smith que se tornou a fundadora da teoria econômica clássica. As reflexões que faz, e as respostas que encontra através delas, o levam justamente a reforçar o papel das transformações morais e políticas que tantos tentam descartar como alheias à lógica econômica.

Aqui talvez se possa fazer uma pequena crítica ao autor, especificamente na forma como ele expõe as suas ideias. Graeber é bastante contundente ao falar “dos economistas,” muitas vezes fazendo parecer que sejam uma massa uniforme de teóricos obscurantistas que buscam se aproveitar da boa fé das pessoas, como uma espécie de arcanos ou, ahem, justiceiros mascarados contemporâneos. Embora nem sempre essa visão seja de todo injustificadas (como um punhado de citações de CEOs e teóricos renomados ao longo do livro ilustra muito bem), pode parecer também um tanto agressiva demais justamente para aqueles que poderiam se interessar pelas suas idéias, e talvez levá-las para um debate concreto com as narrativas vigentes que seria extremamente produtivo. Na sua ânsia de ser radical e romper laços, os atingidos nos estilhaços podem se sentir profundamente feridos e ofendidos na sua intelectualidade. É triste às vezes reconhecer que a academia é um grande antro de egos inflados, mais preocupados em manter o seu status do que fomentar um debate produtivo verdadeiro… Mas a dura verdade é que ela muitas vezes é assim mesmo.

Talvez haja algo de utópico também nas proposições de Graeber, e a sua visão última do “comunismo primitivo” que persiste mesmo nos dias de hoje, nas relações interpessoais à margem do sistema capitalista mundial, que o subvertem e sustentam no âmago mais profundo das sociedades. Mas, onde elas assumem esta dimensão, é em geral na desconstrução das utopias vigentes, em um exercício brilhante de erudição e reflexão a partir de bases muito mais concretas do que elas. O que ele propõe, mais do que todo o resto, e deixa isso claro já na introdução, é que se volte a fazer as Grandes Perguntas que norteiam o nosso pensamento, e por muito tempo parecem terem sido evitadas como se já estivessem definitivamente respondidas; ou, em outras palavras, uma revisão das premissas do nosso conhecimento, em especial quando, na atual conjuntura mundial, elas já não parecem ser suficientes para explicar a sociedade que temos, e muito menos a que gostaríamos de ter.

Enfim, o ponto fundamental é: Debt – The First 5,000 Years é provavelmente a leitura mais instigaste que eu fiz em anos. Leiam. Simplesmente leiam.

Réveillon

ano_novo1– Vou virar o ano de amarelo. – disse Manoela. – Quero muito dinheiro em 2014!

– Hahah, eu também! – respondeu a amiga, tomando um gole de espumante na taça de cristal.

Para onde quer que olhassem, o mesmo: camisas amarelas, calças amarelas, saias amarelas, e até naquelas que o vento levantava, calcinhas amarelas. Todos queriam dinheiro e prosperidade no ano novo.

E, de fato, conseguiram. Apenas nos primeiros meses do ano, seus rendimentos triplicaram. Manoela, antes uma simples vendedora de sex shop, foi promovida a gerente, e logo pedia demissão para começar o próprio negócio. 2014 era o seu ano dos sonhos, e também de todos aqueles que conhecia.

Logo, no entanto, o mercado começou a reagir ao grande influxo de dinheiro que estava recebendo. Com as pessoas com mais dinheiro para gastar, os vendedores também aumentavam os preços dos seus produtos, sob risco de vê-los se esgotarem nas lojas. A inflação, que fora mantida sob controle a duras penas nos anos anteriores, disparava a cada mês.

Na metade do ano já havia atingido o seu recorde histórico, superando mesmo o período hiperinflacionário de duas décadas antes. Ministro atrás de ministro da fazenda era demitido; revistas semanais gritavam pela renúncia ou o impedimento da presidenta, e o pedido ecoava pelas ruas tomadas pelos novos miseráveis gerados pelo caos econômico.

No réveillon seguinte Manoela mal teve tempo de desejar alguma coisa. Estava ocupada demais pedindo esmolas no sinal trânsito da cidade onde morava.

Caixa Eletrônico

caixa_eletronicoInsira seu cartão, diz a tela do caixa automático do banco. Insiro.

Retire seu cartão. Retiro.

Você está usando um cartão com chip. Insira-o novamente e só o retire quando a operação estiver completa. Insiro novamente, escolho a operação. Retire seu cartão. Retiro.

Insire seu cartão novamente. Um pouco desconfiado, insiro.

Retire o seu cartão. Retiro. Insira mais uma vez. Insiro. Retire-o novamente. Retiro.

Mais uma inseridinha. Olhando constrangido para os lados, insiro. Retire… Retiro. Isso, vai… Insere de novo… Insiro. Retira de novo… Retiro. Insere… Insiro. Vai… Não para… Não para…

Retiro o cartão, saio do banco e procuro outra agência.

Ideologia… Eu quero uma pra viver.

Já dizia o grande poeta da década de 1980, Cazuza. Uma ideologia, quando você para para pensar, não é tão diferente assim de uma crença religiosa – é também um ideal através do qual você regra a sua vida, e assim ganha motivação e vontade para seguir atrás dos seus objetivos. Se RPGs possuem regras específicas para servos e seguidores de deuses, então, quanto seria necessário para convertê-las em regras de seguidores de ideologias políticas?

As ideologias a seguir são algumas das mais importantes da história política ocidental, pelo menos desde o século XVIII. Mesmo que elas sejam pensadas para esse contexto, no entanto, não é tão difícil assim adaptá-las para outros cenários fantásticos – o liberalismo clássico, por exemplo, poderia facilmente surgir em praticamente qualquer cenário de fantasia medieval; o comunismo também poderia se desenvolver com base em revoltas de servos, ao invés de proletários; e mesmo os outros podem encontrar o seu espaço para quem gostar de um bom pastiche nas suas campanhas.

Enfim, de maneira geral, utilizei três classificações para os kits de personagem a seguir.

Clérigos. Estes são os pregadores, aqueles professam de fato a ideologia em questão. Fazem parte dele o pregador de rua, que para o trânsito com uma bandeira e um alto-falante; o político que defende as idéias da ideologia no palanque do seu partido; e mesmo o ideólogo acadêmico, que o faz em revistas e seminários universitários.

Paladinos. São os homens de ação, que pegam em armas e praticam aquilo que os clérigos pregam. Mais do que apenas defender a sua ideologia, no entanto, eles de fato acreditam nela como a verdade e a solução para os problemas da humanidade, e por isso seguem seus códigos pessoais de conduta e ação.

Monges. Diferentes dos dois anteriores, o monge está menos relacionado à difusão ou ação sobre uma idéia, e mais à contemplação e reflexão pessoais. É o ideólogo individualista, para quem, mais importante do que a ação coletiva, é a atitude individual, e as suas próprias ações e méritos pessoais.

Note que nem todas as ideologias possuem kits de Paladino ou Monge, pois isto está relacionado diretamente aos ideais que elas defendem. Todas, no entanto, possuirão kits de Clérigo.

No mais, peço encarecidamente que evitem flames políticos nos comentários. É claro que há muito aí das minhas próprias idéias pessoais, afinal, fui eu que escrevi o texto; mas o meu objetivo é menos fazer algum discurso e pregação e mais oferecer um material diferente de jogo, que pode servir tanto para oferecer opções inusitadas aos jogadores como apenas para se divertir um pouco durante a leitura, e quem sabe até aprender uma coisa ou duas sobre ciências sociais.

Liberalismo
O liberalismo é a ideologia da liberdade. Suas origens remontam a meados do século XVIII, com obras clássicas como A Riqueza das Nações, de Adam Smith. Para ele, tudo ocorre nas economias das nações com se uma mão invisível guiasse os mercados; por isso, desde que todos sejam capazes de seguir seus próprios instintos e desejos, tudo se orientaria naturalmente para a harmonia e a paz.

Os seguidores do liberalismo de maneira geral são defensores da liberdade em todas as suas formas, e por isso combatem todo tipo de opressão e autoritarismo. Lutam contra a escravidão e a tirania, sempre em defesa da livre iniciativa e a propriedade privada.

Clérigo do Liberalismo
Exigências: Clericato.
Função: baluarte.

Discurso ideológico. Você pode gastar uma ação para discursar sobre as vantagens da sua ideologia, fazendo um ideólogo adversário questionar a sua própria. Este poder só pode ser usado contra personagens que possuam a vantagem Clericato e sigam algum deus ou ideologia diferente da sua, e ele deve fazer um teste de Resistência para não perder metade dos seus PMs atuais.

Invocar militantes. Você pode chamar por militantes da sua causa em meio a uma multidão, que virão correndo ao seu auxílio. Você deve gastar PMs e construir a sua ficha como se estivesse conjurando o feitiço Criatura Mágica (Manual 3D&T Alpha, pg. 1d+89). Se você já for capaz de usar esse feitiço normalmente, poderá fazê-lo gastando apenas metade dos PMs necessários.

Laissez-faire. Você recebe um bônus de H+1 para suas ações quando está seguindo os seus próprios desígnios e vontades, e não apenas seguindo ordens ou sugestões de outras pessoas.

Paladino da Liberdade
Exigências: Paladino.
Função: tanque.

Causa justa. Você sabe que a sua causa é justa, e que por isso os deuses, a História ou quais sejam os poderes que governam o mundo estão do seu lado. Você pode gastar 1 PM ao invés de 1 PE para conseguir acertos críticos automáticos. Este poder pode ser usado uma quantidade de vezes por dia igual à sua Habilidade

Destruir opressão. Sempre que você enfrentar um inimigo que reconhecer como um opressor – um general autoritário, um governante tirano de um reino, etc. -, você terá um acerto crítico com um 5 ou 6 no dado, e não apenas 6.

Laissez-faire. Você recebe um bônus de H+1 para suas ações quando está seguindo os seus próprios desígnios e vontades, e não apenas seguindo ordens ou sugestões de outras pessoas.

Comunismo
O comunismo tem origem em uma série de movimentos de contestação social durante o século XIX, sendo mais conhecido na formulação de Karl Marx e Friedrich Engels em obras como o Manifesto do Partido Comunista e O Capital. É a ideologia da classe proletária, a base trabalhadora da sociedade capitalista.

Os seguidores do comunismo são, em geral, defensores das causas sociais, buscando a melhora das condições de vida das minorias e grupos oprimidos das sociedades em que vivem. Como fim último de suas ações, buscam a revolução social, por meio do qual possam atingir o poder político definitivo, nem que para isso tenham eles próprios que se tornar a classe opressora que tanto desprezam…

Clérigo do Comunismo
Exigências: Clericato.
Função: baluarte.

Discurso ideológico. Você pode gastar uma ação para discursar sobre as vantagens da sua ideologia, fazendo um ideólogo adversário questionar a sua própria. Este poder só pode ser usado contra personagens que possuam a vantagem Clericato e sigam algum deus ou ideologia diferente da sua, e ele deve fazer um teste de Resistência para não perder metade dos seus PMs atuais.

Invocar militantes. Você pode chamar por militantes da sua causa em meio a uma multidão, que virão correndo ao seu auxílio. Você deve gastar PMs e construir as suas fichas como se estivesse conjurando o feitiço Criatura Mágica (Manual 3D&T Alpha, pg. 1d+89). Se você já for capaz de usar esse feitiço normalmente, poderá fazê-lo gastando apenas metade dos PMs necessários.

Luta de classes. Para o comunista, a história da humanidade é a história da luta de classes. Por isso, sempre que você enfrenta um inimigo de uma classe diferente (ou seja, que não tinha pelo menos um kit de clérigo), você recebe um bônus de H+1 contra ele.

Paladino Social
Exigências: Paladino.
Função: tanque.

Causa justa. Você sabe que a sua causa é justa, e que por isso os deuses, a História ou quais sejam os poderes que governam o mundo estão do seu lado. Você pode gastar 1 PM ao invés de 1 PE para conseguir acertos críticos automáticos. Este poder pode ser usado uma quantidade de vezes por dia igual à sua Habilidade

Favor do povo. O povo sabe que o paladino social luta por ele, e o ajuda quando é necessário. Você recebe um bônus de H+2 em testes sociais envolvendo as camadas mais pobres e oprimidas da população (servos, trabalhadores, etc).

Luta de classes. Para o comunista, a história da humanidade é a história da luta de classes. Por isso, sempre que você enfrenta um inimigo de uma classe diferente (ou seja, que não tinha pelo menos um kit de paladino), você recebe um bônus de H+1 contra ele.

Anarquismo
O anarquismo é a negação de qualquer tipo de autoridade e forma de governo. O poder corrompe, dizem, e, enquanto ele seguir exercido por seres humanos passíveis de falhas e paixões, não haverá salvação para a humanidade. Apenas a sua destituição completa, portanto, com os homens revertendo a um estado de liberdade absoluta, a paz poderá ser alcançada.

Seguidores do anarquismo podem ser ideólogos sérios, seguindo escritos de autores como Bakunin e Proudhon. Mais freqüentemente, no entanto, podem ser também adolescentes e pós-adolescentes, passando pela sua fase de negação da autoridade e das tradições, buscando destruir tudo o que veio antes através do rock pesado e uma atitude contestadora para marcar o seu espaço nas próximas gerações.

Clérigo da Anarquia
Exigências: Clericato.
Função: baluarte.

Discurso ideológico. Você pode gastar uma ação para discursar sobre as vantagens da sua ideologia, fazendo um ideólogo adversário questionar a sua própria. Este poder só pode ser usado contra personagens que possuam a vantagem Clericato e sigam algum deus ou ideologia diferente da sua, e ele deve fazer um teste de Resistência para não perder metade dos seus PMs atuais.

Invocar militantes. Você pode chamar por militantes da sua causa em meio a uma multidão, que virão correndo ao seu auxílio. Você deve gastar PMs e construir as suas fichas como se estivesse conjurando o feitiço Criatura Mágica (Manual 3D&T Alpha, pg. 1d+89). Se você já for capaz de usar esse feitiço normalmente, poderá fazê-lo gastando apenas metade dos PMs necessários.

Destruir autoridade. Sempre que enfrenta qualquer personagem que reconheça como algum tipo de autoridade, você consegue um acerto crítico com um 5 ou 6 na rolagem de FA.

Monge Anarquista
Exigências: Inimigo do Sistema (veja abaixo).
Função: atacante.

Inimigo do Sistema (1 ponto). Você é adversário de qualquer um que reconheça como parte do governo, autoridades ou marionetes do “sistema” em geral, incluindo guardas, milícias ou os próprios políticos que o compõem. Você recebe um bônus de H+2 sempre que luta contra eles ou realiza testes de perícia envolvendo conhecimentos sobre eles.

Contra todas as chances. Você recebe um bônus de FA+1 e FD+1 sempre que estiver lutando em desvantagem numérica. Este bônus se aplica mesmo se os inimigos fugirem ou morrerem e a vantagem numérica se inverter (apenas os números no início do combate importam).

Destruir autoridade. Sempre que enfrenta qualquer personagem que reconheça como algum tipo de autoridade, você consegue um acerto crítico com um 5 ou 6 na rolagem de FA.

Retirada estratégica. Mesmo que o seu protesto contra o sistema não dê certo, você sempre pode fugir para repeti-lo outro dia. Para você, assim, fugir não é considerado uma derrota (veja Fuga no Manual 3D&T Alpha, pg. 1d+72).

Social-Democracia
A social-democracia é uma ideologia política de caráter reformista, que mistura alguns idéias do socialismo com ferramentas institucionais de intervenção na economia, para formar o que alguns chamam de um estado de bem-estar social. É uma ideologia que defende as causas sociais, apoiando os direitos das minorias e programas de assistência, mas que mantém um certo direito à livre iniciativa e apoio aos empreendedores privados.

O seguidor da social-democracia, de maneira geral, será um defensor das liberdades individuais, mas também cobrará responsabilidades para aqueles que quiserem usufruir dela. Muitos deixam-se levar pelas suas idéias em longos discursos sobre os benefícios da democracia sobre os outros sistemas de governo, mesmo que eventualmente seus ouvintes não tenham a menor idéia de sobre o que estão falando…

Clérigo da Democracia
Exigências: Clericato.
Função: baluarte.

Discurso ideológico. Você pode gastar uma ação para discursar sobre as vantagens da sua ideologia, fazendo um ideólogo adversário questionar a sua própria. Este poder só pode ser usado contra personagens que possuam a vantagem Clericato e sigam algum deus ou ideologia diferente da sua, e ele deve fazer um teste de Resistência para não perder metade dos seus PMs atuais.

Invocar militantes. Você pode chamar por militantes da sua causa em meio a uma multidão, que virão correndo ao seu auxílio. Você deve gastar PMs e construir a sua ficha como se estivesse conjurando o feitiço Criatura Mágica (Manual 3D&T Alpha, pg. 1d+89). Se você já for capaz de usar esse feitiço normalmente, poderá fazê-lo gastando apenas metade dos PMs necessários.

Reformismo. Pagando 1 PE, você pode jogar novamente o dado em qualquer jogada que fizer, seja um teste, rolagem de FA ou FD, etc. Voc6e deve manter o segundo resultado mesmo que ele seja pior do que o primeiro.

Paladino da Democracia
Exigências: Paladino.
Função: tanque.

Destruir opressão. Sempre que você enfrentar um inimigo que reconhecer como um opressor – um general autoritário, um governante tirano de um reino, etc. -, você terá um acerto crítico com um 5 ou 6 no dado, e não apenas 6.

Inspirar aliados. Você pode gastar 1 PM e um movimento para inspirar todos os aliados que possam ouvi-lo. Esses aliados recebem FA+1 por um número de turnos igual à sua Resistência.

Reformismo. Pagando 1 PE, você pode jogar novamente o dado em qualquer jogada que fizer, seja um teste, rolagem de FA ou FD, etc. Você deve manter o segundo resultado mesmo que ele seja pior do que o primeiro.

Neoliberalismo
O neoliberalismo, em um primeiro momento, tenta ser um resgate das idéias do liberalismo clássico, com a ênfase na iniciativa individual e na propriedade privada como base do desenvolvimento econômico e social. A partir das idéias de economistas como Frederick von Hayek e Milton Friedman, no entanto, ele partiu para uma defesa da liberdade, em especial a liberdade de mercado, em um nível extremo, ainda mais do que a defendida pelo seu predecessor – no nível do que alguns dos seus descendentes ideológicos chamam mesmo de um anarco-capitalismo.

O típico seguidor do neoliberalismo é o executivo de uma grande empresa, de preferência multinacional, que defende seus próprios interesses individuais através de pressões políticas e investimentos no mercado especulativo. Também estão entre eles, no entanto, ideólogos e economistas acadêmicos, que fornecem a base teórica das suas idéias.

Clérigo Neoliberal
Exigências: Clericato
Função: baluarte.

Discurso ideológico. Você pode gastar uma ação para discursar sobre as vantagens da sua ideologia, fazendo um ideólogo adversário questionar a sua própria. Este poder só pode ser usado contra personagens que possuam a vantagem Clericato e sigam algum deus ou ideologia diferente da sua, e ele deve fazer um teste de Resistência para não perder metade dos seus PMs atuais.

Individualismo. Sempre que você utilizar poderes que afetem você mesmo, o seu custo em PMs será reduzido à metade. Exemplos poderes assim incluem vantagens como Poder Oculto ou Energia Extra; e feitiços como Aumento de Dano, Cura Mágica e Proteção Mágica, desde que lançados sobre você mesmo.

Invocar militantes. Você pode chamar por militantes da sua causa em meio a uma multidão, que virão correndo ao seu auxílio. Você deve gastar PMs e construir as suas fichas como se estivesse conjurando o feitiço Criatura Mágica (Manual 3D&T Alpha, pg. 1d+89). Se você já for capaz de usar esse feitiço normalmente, poderá fazê-lo gastando apenas metade dos PMs necessários.

Monge Executivo
Exigências: Manipulação, Meritocracia (veja abaixo).
Função: tanque.

Meritocracia (-1 ponto). Você só aceita o mérito pessoal como prova de igualdade. Sempre que você utilizar algum poder ou perícia para afetar um companheiro com Habilidade menor que a sua, o seu custo em PMs será dobrado, ou a dificuldade aumentará em um nível. Isso inclui perícias como Medicina, ou feitiços como Aumento de Dano, Proteção Mágica, Cura Mágica e outros, por exemplo.

Competir. Sempre que entra em um combate ou outra situação de conflito, você escolhe automaticamente o adversário que aparenta ser o líder ou o mais poderoso como o seu oponente preferencial – o mestre pode usar os seus critérios para determinar qual é, ou escolher aquele com a maior Habilidade. Você receberá um bônus de +1 em todas as jogadas realizadas contra ele.

Individualismo. Sempre que você utilizar poderes que afetem você mesmo, o seu custo em PMs será reduzido à metade. Exemplos poderes assim incluem vantagens como Poder Oculto ou Energia Extra; e feitiços como Aumento de Dano, Cura Mágica e Proteção Mágica, desde que lançados sobre você mesmo.

Poder aquisitivo. Dinheiro não é problema. Você paga metade do custo normal em Pontos de Experiência para comprar itens mágicos.

A Morte das Utopias, parte 2

Antes de mais nada, o título não faz referência a qualquer outro texto aqui do blog ou que eu tenha publicado em outro lugar. É só uma mania de alguns ideólogos mais exaltados de, sempre que a oportunidade surge, anunciar a “morte de uma utopia.” Isso aconteceu bastante desde 1991, por exemplo, quando muitos anunciavam a morte da utopia comunista, o fim das esquerdas, o Fim da História, e derivados.

Pois bem. Quem acompanha o noticiário internacional pode vir a imaginar que está tudo acontecendo novamente – é só ver a quantidade de editoriais e comentários sobre a última crise financeira, anunciando o fim do capitalismo especulativo, do neoliberalismo e da sociedade ocidental como nós a conhecemos. Estaríamos vivendo a morte de outra utopia? Sim, pois utopias certamente não são exclusividades da esquerda – a direita tem todo o direito (com o perdão do trocadilho) às suas também, desde o liberalismo clássico do fim do século XVIII até o começo do XX, até o neoliberalismo autoritário de tempos mais modernos (e recomendo muito um texto do Perry Anderson, Balanço do Neoliberalismo, para quem quiser saber as diferenças entre eles, e porque é possível sim ser neoliberal e autoritário sem cair em qualquer contradição de termos).

Acho que nada ilustra melhor essa situação do que o cai-não-cai que vive a zona do Euro atualmente. Já li prognósticos de que a moeda seria abandonada pela maioria dos países um mês atrás, e outros que anunciam a sua derrocada para a semana que vem. Pacotes prometem a sua recuperação instantânea, apenas para serem substituídos por novas soluções milagrosas na semana seguinte. Não sou analista econômico, enfim, e não sei dizer quais são as possibilidades reais dele sobreviver ou não; poderia apostar em um ou outro com a mesma probabilidade de acerto, do meu ponto de vista semi-leigo. Sou, no entanto, um historiador, e acho que posso tentar buscar o significado dessa situação de um ponto de vista histórico mais amplo.

Pra quem não sabe, a hoje grandiosa União Europeia, com seus quase trinta Estados membros, começou de maneira bem mais tímida e sutil. Sua origem está Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, criada pelo Tratado de Paris em 1951, e tendo como fundadores a (então) Alemanha Ocidental, França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo. Mais tarde, em 1957, o CECA daria origem à Comunidade Econômica Européia, que reuniria mais e mais membros ao longo dos anos, até se converter na atual UE.

Parem um pouco e pensem a respeito. Em especial, sobre dois dos seus membros fundadores – a Alemanha e a França. Ambos estiveram no centro dos dois maiores conflitos da história recente, possivelmente mesmo de toda a história da humanidade; a Primeira e Segunda Guerra Mundiais. Mais: o acordo visava justamente a regulação do seu principal ponto de divergência, as indústrias do carvão e do aço, especialmente proeminentes nas províncias francesas de Alsácia e Lorena, e que são fundamentais para o desenvolvimento industrial de qualquer país. Com apenas uma assinatura, um dos maiores focos de tensão da Europa ocidental desde fins do século XIX, quando a unificação alemã se completou com a anexação das duas regiões supracitadas, simplesmente desapareceu.

Cortamos então para o presente, e, novamente, o Euro. Ele é, de certa forma, o pináculo desse movimento de integração, que os leva a dividir, além das suas políticas e economias, a própria moeda; para além disso, só quando (e se, obviamente) as fronteiras forem definitivamente banidas, e os países do continente passarem a se considerar como um só Estado. Do ponto de vista político, e da turbulenta história do continente ao longo dos séculos, trata-se de uma integração especialmente bem-sucedida, talvez a maior e mais significativa desde a pax romana – basta lembrar que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa ocidental simplesmente não teve qualquer conflito armado relevante dentro dos seus limites. (A Europa oriental, é claro, é um caso à parte, e mereceria todo um texto próprio apenas a seu respeito. Em uma outra oportunidade, talvez).

Claro, é também uma integração controversa, que envolve uma série de questões particulares que não podem ser simplesmente ignoradas. É certamente complicado querer integrar sociedades extremamente diversas política e culturalmente. O mais difícil, no entanto, é quando as próprias economias que se quer unificar possuem características e níveis de desenvolvimento tão diferentes.

É isso que fica mais evidente quando se analisa a crise atual, e o impacto que ela possui sobre o Euro. Não vou entrar em detalhes técnicos complicados, que você pode procurar em qualquer análise séria por aí (apenas não se guie pelas da revista (cer)Veja, por favor); mas é fácil perceber que as economias de países como a Grécia ou Portugal simplesmente não estão no mesmo patamar das da Alemanha ou mesmo, vá lá, da França. Isso gera um desnível sério no poder econômico de cada um deles, o que leva a uma necessidade de ajuda financeira para pagar as dívidas e cumprir os contratos firmados dos Estados mais fracos, o que por sua leva a todos esses pacotes de medidas de austeridade financeira que incluem, entre outras coisas, uma série de cortes pesados nos benefícios sociais dos cidadãos (o sonho molhado de todo analista neoliberal), além de uma entrega maior de soberiana a órgãos internacionais, como o Banco Central Europeu e o FMI. Há quem diga mesmo que a Alemanha, depois de anos tentando conquistar a Europa pela via militar, finalmente conseguiu, através da economia e sem disparar um tiro sequer…

Por mais que sejam análises válidas e coerentes, no entanto, existe uma coisa que me incomoda profundamente nessa visão e aqueles que a defendem. Falo da forma como muitos parecem encarar um iminente fim do Euro como uma vitória gloriosa, e agouram com todas as forças para que ele ocorra o mais rápido possível. Parecem encarar a moeda e a própria União Européia como meros artifícios da farsa neoliberal, que nos convenceu pelos meios de difusão da sua ideologia como indispensáveis para a prosperidade das sociedades humanas, louvada seja Nossa Senhora Ayn Rand dos Últimos Dias. Esquecem, enfim, do próprio significado histórico da UE, e o seu papel em um continente marcado durante pelo menos dois mil anos por infindáveis guerras, massacres e genocídios.

Pra resumir, simplesmente não sei dizer se o Euro está mesmo fadado a desaparecer ou não. Tanta gente diz que sim, tanta gente diz que não, e eu aqui no meio, com meus livrinhos do Edward Thompson e do Eric Hobsbawn tentando decidir por uma posição… Se vier a acontecer, no entanto, acho que, mais do que tudo, mais do que um cair de máscaras ou uma vitória gloriosa da Quarta (ou Quinta ou Sexta) Internacional Comunista, será mesmo o fim de uma utopia. Você pode concordar com ela ou não, pode achá-la inviável, impraticável, indesejável, injustificável… Mas não dá pra não sentir um certo pesar sempre que morre uma utopia.

Esquadrão Econômico BRICman

O planeta Terra está em perigo! O terrível Império do Neoliberalismo Galáctico invadiu os mercados mundiais, deixando atrás de si um rastro de destruição e calamidades – crises financeiras, inflação, desemprego, desvalorização em massa de papéis. Mas ainda há uma esperança! Quatro países emergentes uniram a força das suas economias e aceitaram a difícil missão de proteger o planeta do colapso total. Representado por seus presidentes e invocando a tradição e os poderes dos seus povos ancestrais, eles são o…

ESQUADRÃO ECONÔMICO BRICMAN!

Dilma Roussef, a Bric verde

F0 H2 R3 A1 PdF2 (elétrico) 15 PVs 15 PMs
Vantagens/Desvantegens: Aliado (Tupã), Arma Mágica (Arco-Relâmpago – PdF+1, Ataque Especial, Flagelo [especuladores] – 20 PEs / 2 pontos), Xamã

Tupã
F0 H3 R2 A1 PdF1 (sônico) 10 PVs 10 PMs
Vantagens/Desvantagens: escala Sugoi; Mecha, Metabot*, Voo

Dilma Roussef, presidenta do Brasil, é a Bric verde. Com poderes herdados dos povos tupi-guarani, ela é capaz de se comunicar com espíritos, bem como usar o poderoso Arco-Relâmpago para atacar os inimigos. Seu espírito guardião é Tupã, o deus-céu, que toma a forma de uma grande ave tropical para enfrentar os monstros do Neoliberalismo.

Dmitri Medvedev, o Bric branco

F1 (corte) H2 R2 A1 PdF0 10 PVs 10 PMs
Vantagens/Desvantagens: Aliado (Baba Yaga), Arma Mágica (sabre Shaska – F+1, Ataque Especial, Veloz – 20 PEs / 2 pontos), Invisibilidade, Mentor (Putin)

Baba Yaga
F1 (corte) H2 R2 A1 PdF0 10 PVs 10 PMs
Vantagens/Desvantagens: escala Sugoi; Mecha, Metabot*, Paralisia, Voo

Dmitri Medvedev é o atual presidente da Rússia, e também o Bric branco. Treinado nas técnicas furtivas da KGB pelo seu mentor Vladmir Putin, antigo detentor do cargo, ele também carrega toda a tradição dos cossacos e guerreiros das estepes geladas russas. Sua arma especial é um sabre Shaska, e seu espírito guardião é a bruxa Baba Yaga, que toma a forma de uma grande harpia para ajudá-lo quando necessário.

Pratibha Patil, a Bric azul

F1 (corte) H2 R2 A1 PdF0 10 PVs 20 PMs
Vantagens/Desvantagens: Aliado (Brahma), Clericato, Magia Branca, PMs Extras, Telepatia

Brahma
F2 (contusão) H0 R2 A1 PdF0 10 PVs 10 PMs
Vantagens/Desvantagens: escala Sugoi; Mecha, Metabot*, Membros Extras x2

Pratibha Patil é a atual presidenta da Índia, e por isso a Bric azul. Possui diversos poderes místicos herdados dos brâmanes hindus, e tem como espírito guardião Brahma, o deus criador, que toma a forma de um grande guerreiro humanóide com quatro faces e quatro braços.

Hu Jintao, o Bric vermelho

F2 (contusão) H3 R2 A1 PdF0 10 PVs 10 PMs
Vantagens/Desvantagens: Aliado (Shenlong) Arma Mágica (bastão de três partes – F+1 Ataque Especial, Veloz – 20 PEs / 2 pontos), Ataque Múltiplo

Shenlong
F1 (corte) H0 R3 A1 PdF2 (fogo) 15 PVs 15 PMs
Vantagens/Desvantagens: escala Sugoi; Mecha, Metabot*, Voo

Hu Jintao é o líder do Partido Comunista Chinês, e portanto o atual detentor do título de Bric vermelho. É treinado na ancestral arte marcial do kung fu e nos conhecimentos secretos dos monges Shaolin. Sua arma especial é um bastão de três partes, e seu espírito guardião é Shenlong, um grande dragão serpentino.

*a vantagem Metabot está descrita no netbook Mechas para 3D&T, e funciona basicamente como Parceiro, mas sem requerer que os envolvidos sejam Aliados.

O Poderoso BRIC
F2 (corte ou contusão) H3 R3 A1 PdF2 (fogo ou sônico) 15 PVs 15 PMs
Vantagens/Desvantagens: escala Kiodai; Mecha, Membros Extras x2, Paralisia, Voo

O Poderoso BRIC é o metabot formado pela união dos espíritos guardiões dos quatro BRICman, que eles utilizam para enfrentar os seus inimigos mais poderosos. Seguindo as regras normais de Metabot/Parceiro, ele reúne as melhores características de cada um e todas as suas vantagens, além de pertencer a uma escala superior à deles, ou seja, Kiodai.


Sob um céu de blues...

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