Neon Azul

Neon Azul é um livro de Eric Novello, escritor carioca radicado em São Paulo, lançado pela Editora Draco durante a última Fantasticon. E é também o nome da boate onde se passa a maior parte das suas histórias, um inferninho típico das grandes cidades, onde florescem todos os vícios e acontecimentos da vida noturna.

Como anuncia já na capa, trata-se de um romance fix-up, o que quer dizer que ele não possui uma única trama que se desenvolve com início, meio e fim, mas sim uma série de contos que podem ser lidos de forma indepente ou entendidos como partes de uma história maior. Mesmo a ordem de leitura não é muito importante: a sequência do livro não é cronológica, há idas e vindas no tempo, e um conto no final pode estar acontecendo simultaneamente com um dos primeiros. Há diversos personagens recorrentes, que são coadjuvantes em algumas histórias e viram protagonistas em outras, quando você então compreende seus comentários e atitudes; tudo formando um grande mosaico que é o Neon Azul sob a sombra do Homem, o seu misterioso proprietário, que realiza os desejos daqueles dispostos a pagar o seu preço.

Não é um livro 100% perfeito, claro. Há alguns deslizes menores na escrita, e nem todas as histórias têm um final satisfatório. Mesmo quando isso acontece, no entanto, a viagem até lá vale a leitura – é um pouco como uma apresentação de jazz, repleta de improvisações e desvios, onde o tema de fundo é apenas uma ambientação para os músicos (ou personagens) brilharem, e onde a soma das partes muitas vezes é menos importante do que as atuações individuais. A presença do fantástico, em algumas histórias de forma mais sutil do que em outras, colabora para criar um clima surreal, próximo de um realismo mágico – é um mundo que você conhece bem, e, se já tiver frequentado algum dos bares da vida, talvez até reconheça os personagens, mesmo que estejam escondidos atrás de assassinos seriais e prostitutas; mas é ao mesmo tempo mais do que isso, um mundo de fantasia e magia, de viagens através de espelhos e demônios presos em garrafas, que pouco ou nada deve àqueles habitados por elfos e dragões.

Neon Azul, enfim, é um dos lançamentos mais interessantes do ano, ao menos entre os que eu li. É um livro que você terá vontade de ler mais de uma vez, seja pelo cenário e situações surreais, seja para desvendar e montar o quebra-cabeças que é a boate do título. Uma recomendação fácil.

4 Respostas to “Neon Azul”


  1. 1 Eric 12/09/2010 às 07:51

    Obrigado, Bruno. Se vale a dica, quando for resenhar alguma coisa, seja mais incisivo sem medo de ser feliz. Pode usar a faquinha de Jack e colocar as entranhas do objeto de estudo para fora. Palavra de quem já escreveu umas 250 resenhas, por baixo 😉 Mas, o importante aqui nesse comentário é… quem escreve resenha do Neon Azul tem direito a um Histórias da Noite Carioca. Se quiser o livro é só me mandar o seu endereço postal por e-mail. Abraços e obrigado novamente. Eric.

    • 2 Bruno 12/09/2010 às 15:08

      Opa, valeu a dica, vou ver se sigo melhor mais adiante. É que eu tenho a mania de às vezes ser sucinto mesmo, já que também não sou nenhum estudioso mas só um blogueiro curioso =P O importante era deixar a recomendação pra minha meia-dúzia de leitores. =)

      Vou entrar em contato sobre o livro.


  1. 1 Dandelion Wine « Rodapé do Horizonte Trackback em 08/01/2012 às 10:40
  2. 2 Haruki Murakami 3D&T « Rodapé do Horizonte Trackback em 22/02/2012 às 16:18

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Sob um céu de blues...

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